Meu professor de Botânica vinha falando sobre um tal floresta pigmeu que ficava na na área litorânea da California que se chama Mendocino. Ele criava um grande mistério cada vez em que nela falava, e nós alunos já estávamos muito curiosos para ver este fenômeno da natureza. Quando finalmente viajamos numa excursão para a região de Mendocino, pedimos-lhe para visitar a floresta.
O professor explicou-nos que teríamos que adentrar a floresta comum para chegar ao esconderijo da floresta pigmeu. Andávamos no meio de pinheiros e azaléias que criavam um corredor ao longo do caminho. As azaléias estavam em plena florescência, pois era primavera e em todo lugar se viam as flores de todos os matizes possíveis de rosa com branco se destacando contra o verde escuro das folhas. Era maravilhoso andar neste labirinto, mas perguntávamos: Quando é que vamos chegar à floresta pigmeu?
Calma, respondia o professor, pode crer que existe. E não demorou para fazermos uma última curva e logo ali, em nossa frente, abria-se uma clareira. A turma prendeu a respiração com a surpresa visual de ver uma floresta pigmeu, para logo depois soltar tudo com o prazer do encontro. O Wooowwww da turma interrompeu o delicado silêncio da floresta em miniatura. Os pinheiros chegavam à altura do peito; as azaléias, que lá fora ultrapassavam o mais alto da turma, aqui chegavam apenas aos joelhos. Era uma perfeita reprodução em tamanho reduzido da floresta padrão que cercava esta que se encontrava no interior.
É uma mutação genética? perguntou um. Nada disso, respondia o professor. Cada árvore aqui mantém seu pleno potencial para alcançar alturas maiores, mas aqui ela não pode. Então, o que a impede? indagou outro. Pois bem, a árvore quer crescer. Enquanto você vê aqui o óbvio, isto é, a estrutura nanica da árvore, por baixo do solo, há um elemento da história que tem que se conhecer para tudo fazer sentido.
O professor sentou-se para ficar mais confortável e nós também. Ele continuou: A árvore quer crescer e está tentando pôr raizes mais profundas, mas não consegue. Suas raízes chegam a uma profundidade e dali não ultrapassam, pois existe uma camada dura de minerais que se depositou ao longo destes anos. As chuvas dissolviam os sais minerais da superfície do solo, mas não conseguiam levá-los embora.
E pensando ecologicamente, entendíamos que não se podia parar a chuva para interromper o acúmulo duro. Tudo morreria se se fizesse isso. Professor, como poderia mudar um ecossistema como este se as causas não podem ser mexidas e os efeitos estão estáveis? Era uma pergunta chave para se entender de mudanças ecológicas. Quando um sistema estaciona-se em um equilíbrio dinâmico, este estado atual tende a se perpetuar, a não ser que haja uma desestabilização. Tipo um terremoto? perguntou um, pensando nos tumultos que o estado de Califórnia sofria às vezes. Não, não tem que ser tudo isso. Por baixo da terra, existem gigantes estruturas chamadas placas tectônicas que se mexem constantemente.
Se, em um processo de desestabilização há a entrada de novos recursos naturais, a composição do solo muda e aquela camada pode se dissolver. Quem sabe, a floresta pode estar se transformando agora, não é? E a turma apreciou a visão sistêmica que cada um levou daquela lição, mesmo sem saber, neste momento, como ia aplicar na sua vida pela frente.
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